Autismo, ou transtorno do espectro do autismo (TEA), refere-se a uma ampla gama de condições caracterizadas por desafios com habilidades sociais, comportamentos repetitivos, fala e comunicação não verbal. Dados do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA) mostram que o Brasil realizou, em 2021, 9,6 milhões de atendimentos em ambulatórios, a pessoas com autismo, sendo 4,1 milhões ao público infantil com até 9 anos de idade.De acordo com os Centros de Controle dos Estados Unidos, o autismo afeta hoje cerca de 1 em 36 crianças e 1 em 45 adultos nos Estados Unidos.
SABEMOS QUE NÃO EXISTE UM TIPO DE AUTISMO, MAS MUITOS.
O autismo pode se apresentar de formas diferentes para cada pessoa, e cada pessoa com autismo tem um conjunto distinto de pontos fortes e desafios. Algumas pessoas autistas podem falar, enquanto outras são não-verbais ou minimamente verbais e se comunicam de outras maneiras. Alguns têm deficiência intelectual, enquanto outros não. Alguns necessitam de apoio significativo na sua vida quotidiana, enquanto outros necessitam de menos apoio e, em alguns casos, vivem de forma totalmente independente.
Em média, o autismo é diagnosticado por volta dos 5 anos de idade, com sinais aparecendo aos 2 ou 3 anos de idade. As diretrizes diagnósticas atuais no DSM-5-TR dividem o diagnóstico de TEA em três níveis com base na quantidade de apoio que uma pessoa pode precisar: nível 1, nível 2 e nível 3.
Muitas pessoas com autismo apresentam outros problemas médicos, comportamentais ou de saúde mental que afetam sua qualidade de vida.
Entre as condições concomitantes mais comuns estão:
- transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH)
- ansiedade e depressão
- distúrbios gastrointestinais (GI)
- convulsões e distúrbios do sono
Qualquer pessoa pode ser autista, independentemente de sexo, idade, raça ou etnia. No entanto, uma pesquisa do CDC diz que os meninos são diagnosticados com autismo quatro vezes mais do que as meninas. De acordo com o DSM-5-TR, o manual de diagnóstico do TEA, o autismo pode parecer diferente em meninas e meninos. As meninas podem ter uma apresentação mais sutil dos sintomas, menos desafios sociais e de comunicação e menos comportamentos repetitivos. Seus sintomas podem passar despercebidos pelos médicos, muitas vezes levando a um subdiagnóstico ou a um diagnóstico incorreto. Obter um diagnóstico também é mais difícil para adultos autistas, que muitas vezes aprendem a “mascarar” ou esconder os seus sintomas de autismo.
O autismo é uma condição vitalícia e as necessidades, pontos fortes e desafios de uma pessoa autista podem mudar com o tempo. À medida que transitam pelas fases da vida, podem necessitar de diferentes tipos de apoio e adaptações. A intervenção e as terapias precoces podem fazer uma grande diferença nas competências e nos resultados de uma pessoa mais tarde na vida.
O QUE CAUSA O AUTISMO?
Existem muitas causas para o autismo. A pesquisa sugere que o transtorno do espectro do autismo (TEA) se desenvolve a partir de uma combinação de:
- Influências genéticas e
- Influências ambientais, incluindo determinantes sociais
Esses fatores parecem aumentar o risco de autismo e moldar o tipo de autismo que uma criança desenvolverá. No entanto, é importante ter em mente que risco aumentado não é o mesmo que causa. Por exemplo, algumas alterações genéticas associadas ao autismo também podem ser encontradas em pessoas que não têm o transtorno. Da mesma forma, nem todas as pessoas expostas a um fator de risco ambiental para o autismo desenvolverão o transtorno. Na verdade, a maioria não o fará.
COMO AS INFLUÊNCIAS GENÉTICAS E AMBIENTAIS DÃO ORIGEM AO AUTISMO?
A maioria parece afetar aspectos cruciais do desenvolvimento inicial do cérebro. Muitos genes de risco de autismo influenciam outras redes de genes, aumentando ou diminuindo a sua expressão. Alguns parecem afetar a forma como as células nervosas cerebrais, ou neurônios, se comunicam entre si. Outros parecem afetar a forma como regiões inteiras do cérebro se comunicam entre si. A investigação continua a explorar estas diferenças com vista ao desenvolvimento de intervenções e apoios que possam melhorar a qualidade de vida.
AS VACINAS CAUSAM AUTISMO?
As vacinas não causam autismo. É possível que o momento do diagnóstico de autismo coincida com o calendário de vacinas recomendado para crianças e adolescentes. Mas os cientistas realizaram extensas pesquisas nas últimas duas décadas para determinar que não há ligação entre a vacinação infantil e o autismo. Os resultados desta pesquisa são claros: as vacinas não causam autismo. Além disso, a vacinação pode proteger as crianças de muitas doenças evitáveis, como o sarampo.
A Academia Americana de Pediatria compilou uma lista abrangente desta pesquisa.
O AUTISMO É GENÉTICO?
A pesquisa nos diz que o autismo tende a ocorrer em famílias, e uma meta-análise de 7 estudos com gêmeos afirma que 60 a 90% do risco de autismo vem do seu genoma. Se você tem um filho com autismo, é mais provável que tenha outro filho autista. Os outros membros da sua família também têm maior probabilidade de ter um filho com TEA.
Mudanças em certos genes ou no seu genoma aumentam o risco de uma criança desenvolver autismo. Se um dos pais for portador de uma ou mais dessas alterações genéticas, elas poderão ser transmitidas a um filho (mesmo que o pai não tenha autismo). Para algumas pessoas, um alto risco de TEA pode estar associado a um distúrbio genético, como a síndrome de Rett ou a síndrome do X frágil. Para a maioria dos autistas, múltiplas alterações em outras regiões do seu DNA aumentam o risco de transtorno do espectro do autismo. A maioria dessas alterações no DNA não causa autismo por si só, mas funciona em conjunto com muitos outros genes e fatores ambientais para causar autismo.
Se você ou seu filho tem TEA, recomendamos que você explore os testes genéticos. Os testes genéticos podem mostrar a causa genética do seu autismo ou do seu filho e revelar quaisquer mutações genéticas que possam estar ligadas a condições graves concomitantes, como a epilepsia. Os testes genéticos podem fornecer aos médicos informações úteis para que possam fornecer intervenções melhores e mais personalizadas. Leia as histórias de duas famílias sobre como a genômica ajuda na compreensão do autismo e no recebimento de cuidados de saúde personalizados.
QUE FATORES AMBIENTAIS ESTÃO ASSOCIADOS AO AUTISMO?
De acordo com o Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental Norte-americano, certas influências ambientais podem aumentar o risco de autismo:
- Idade parental avançada
- Exposição pré-natal à poluição do ar ou a certos pesticidas
- Obesidade materna, diabetes ou distúrbios do sistema imunológico
- Prematuridade extrema ou muito baixo peso ao nascer
- Complicações no parto que levam a períodos de privação de oxigênio no cérebro do bebê
Referências:
- https://www.autismspeaks.org/
- https://www.who.int/es/news-room/fact-sheets/detail/autism-spectrum-disorders
- https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/abril/tea-saiba-o-que-e-o-transtorno-do-espectro-autista-e-como-o-sus-tem-dado-assistencia-a-pacientes-e-familiares
- https://www.aboutkidshealth.ca/autism